Um padre está sendo acusado de racismo após ter se negado a ser atendido por um garçom negro no último domingo (18) na região central de Jacareí. O caso foi registrado junto à Polícia Civil como injúria e a Diocese de São José dos Campos disse combater qualquer ato discriminatório (leia mais abaixo).
No boletim registrado junto à polícia, o garçom José Oliveira de Jesus, de 62 anos, conta que teria tentado por mais cinco vezes servir o cliente, mas que ele permanecia de cabeça baixa quando ele se aproximava. Contudo, em uma das vezes, o padre teria se levantado, ido até o balcão e dito não querer ser atendido “por aquele pretinho”, dizendo ainda que o garçom não deveria carregar o nome de Jesus.
Nas redes sociais, José Jesus, que atua como garçom na cidade há 49 anos, compartilhou na segunda-feira (19) um relato de seu sobrinho Danilo Negrone sobre o ocorrido e lamentou.
“Em anos de profissão, ontem passei por essa situação”, disse.
O caso gerou comoção e revolta nas redes sociais. “Peço a ajuda de todos vocês para denunciar essa situação que infelizmente ainda acontece muito mundo todo, e hoje foi com um da minha família”, afirmou o sobrinho de José, que classificou o caso como de ‘racismo grave’.
Conhecido na cidade como garçom Azeitona, José Jesus registrou o boletim de ocorrência e, segundo a polícia, foi orientado sobre o prazo para representação contra o padre — a partir de quando o caso deve ser apurado.
OUTRO LADO.
Em nota, a Diocese de São José dos Campos disse que os fatos relativos à acusação contra um de seus padres estão sendo apurados pelas instâncias competentes.
“Esclarece ainda que são inaceitáveis atos de racismo em qualquer esfera da sociedade, principalmente vindo do âmbito religioso – cujo lugar é propagar o respeito mútuo, o amor sincero e o diálogo. ‘Não podemos tolerar ou fechar os olhos ao racismo e à exclusão de qualquer forma e, pretendemos defender a santidade de toda vida humana”, afirmou o Santo Padre Francisco em audiência pública em junho de 2020’. Fica assim manifesto publicamente nossas orações, apoio e amizade às vítimas, e a certeza de que juntos venceremos e combateremos qualquer ato discriminatório que fira qualquer pessoa”, continua a nota.
Foto: Arquivo Pessoal