A apresentação do Atlético-MG diante do Cerro Porteño, até pelo placar ampliado (mas não somente), foi de longe a melhor sob o comando do técnico Cuca. Para quem viva uma grande pressão no cargo há menos de um mês, o treinador poderá respirar aliviado. Qualquer empolgação no futebol é perigosa, mas a performance do Galo de 4 a 0 demonstrou nítida evolução.
Cuca se precipitou após o clássico perdido para o Cruzeiro, ao traçar 10 dias para ser cobrado novamente, dando a entender que o time estaria ajustado. O prazo foi maior, mas a promessa de ter um Atlético mais preparado para jogos importantes foi cumprida. Agora, o trabalho é de continuidade.
O que mais saltou aos olhos na vitória no Mineirão foi o jogo coletivo, aliado à fase artilheira de Hulk. Com um Cerro Porteño cambaleante na saída de bola, o Atlético subiu as linhas, marcou de perto, roubou bolas e construiu a vitória de pé em pé.
Cuca tirou Tchê Tchê da cabeça de área. Ainda que o meia tenha jogado uma boa parte na linha de Allan, mais defensivo, teve espaço para ser determinante com a bola no pé. Dois passes perfeitos para Savarino, o primeiro para resultar no gol de Hulk (2 x 0), e o outro no gol do próprio venezuelano, já quando Jair havia substituído Allan, ameaçado com o amarelo.
Essa posição é a última que Cuca ainda precisará definir na equipe, ainda que haja outras disputas, como Mariano x Guga na lateral direita (Guga fez outra boa partida, principalmente na marcação), Igor Rabello ou Réver ao lado de Alonso. Mas é o primeiro volante que o técnico ainda precisa definir. Tchê Tchê, por lá, teve tomadas técnicas de decisão que culminaram em erros. Não é a dele. Mas sua titularidade não pode ser contestada, ainda mais com Zaracho no DM.
Voltando para o ataque, Keno tem bola para seguir intocável, mas precisa de mais assertividade quando chegar perto da área, seja no drible, ou (e principalmente) nas finalizações. Está longe de ser o protagonista de 2020. Talvez nem seja mais preciso ter a bola de segurança no camisa 11 para que o Galo crie perigo, mas o ponta pode muito mais.
O espírito do Atlético foi certeiro na partida. Roubadas de bola no próprio campo – Nacho Fernández, correndo feito louco, preciso nos passes e na ocupação de espaços, com toques de primeira. O Galo de Cuca é outro, competitivo. Um ajuste aqui, outro ali, com o banco de reservas dando respostas – goleada fechada na cabeça de Eduardo Vargas, com Sasha e Tardelli formando o ataque na reta final.
O torcedor tem motivos para se empolgar, ainda que a missão de continuar no ritmo apresentado seja árdua e que oscilações sejam esperadas. O Galo é líder do grupo, praticamente finalista do Campeonato Mineiro, goleou, jogou bem, tem artilheiro, zaga sem levar gols. Difícil reclamar.