Levantamento feito com base nos dados do Censo Básico da Educação mostra que faltam professores habilitados nas disciplinas química, física, biologia, filosofia e língua estrangeira nas escolas de ensino médio em Taubaté, São José dos Campos e Jacareí.
Os dados foram consolidados pela ONG Todos Pela Educação a pedido do G1 e consideram o efetivo de professores de escolas públicas e privadas em 2013.
Segundo o levantamento, a situação é mais crítica na disciplina física em Jacareí e São José, onde, respectivamente, apenas 14,7% e 21,1% dos professores que lecionam a matéria têm formação específica. Em Taubaté, o índice de licenciados para a disciplina é de 31,1%.
Para química, biologia, filosofia e língua estrangeira, o número de professores licenciados nas disciplinas que lecionam chega a no máximo 56%, de acordo com a cidade e a matéria.
Para o diretor da Faculdade de Educação da Universidade do Vale do Paraíba (Univap), Milton Beltrame Júnior, as escolas aproveitam os conhecimentos gerais dos docentes para inserí-los em disciplinas com maior dificuldade de preenchimento. “A licenciatura concorre com bacharelado e com o mercado, perdendo profissionais para empresas que oferecem salários maiores e tornam a carreira mais atrativa”, avalia Júnior.
Média nacional:
Apesar dos números, as três cidades estão acima da média nacional, que é de 48% de licenciados nas disciplinas em que atuam. Taubaté apresenta o melhor índice, com 63,6% dos professores com licenciatura nas matérias que ministram. Em Jacareí, são 57% e em São José 56,9% .
“Isso prejudica o aprendizado e por mais que os professores tenham formação na área em geral, não é da disciplina de maior importância. É preciso a valorização do profissional, principalmente quanto à rede pública”, afirma o diretor.
Segundo Júnior, a formação de professores nas disciplinas específicas é baixa no Vale do Paraíba. “Há poucas faculdades na região que oferecem licenciatura em química, física e biologia, por exemplo, porque não tem procura”, disse.
Outro lado:
O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo, que representa as escolas particulares, reconhece a defasagem na região e acredita que há uma desvalorização da profissão em todo o país.
Segundo a diretora regional da entidade, Maria Helena Bitelli Baeza, as escolas se esforçam para não prejudicar o ensino aos alunos. “Uma das alternativas é chegar na média do salário das outras escolas, oferecer apoio ao professor e ficar próximo do professor e aluno”, disse. Para a entidade, os impostos altos sobre os salários dos docentes nas escolas particulares também prejudicam a competitividade.
A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, informou por meio de nota, que 70% dos docentes nas três cidades têm licenciatura plena na rede estadual de ensino. A pasta destacou que os educadores têm nível superior.