O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconheceu formalmente, nesta segunda-feira, a soberania israelense sobre as Colinas de Golã, um território sírio ocupado por Israel desde 1967. A decisão foi antecipada pelo mandatário da primeira potência mundial na última quinta-feira, quando, em plena festa de Purim (carnaval judaico), anunciou que Washington romperia o status quonesse território. Trump, que justificou a decisão pelas “agressivas ações” do Irã e pelos “grupos terroristas” que agem contra Israel, deu nesta segunda o passo definitivo ao firmar o decreto que reconhece oficialmente sua soberania. “Isso é algo que deveria ter sido feito há muitas décadas”, declarou Trump na Casa Branca, acompanhado pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Os EUA reconhecem “o direito absoluto de Israel de se defender”, afirmou o presidente ao lado de Netanyahu, que realiza uma visita oficial ao país. O premiê israelense foi obrigado a interromper a viagem e regressará hoje a Israel, depois que um foguete lançado em Gaza deixou sete feridos em Tel Aviv na noite de domingo — um ataque descrito por Trump como “desprezível” e “horrendo”.
Os dois mandatários compareceram à Casa Branca para encenar uma relação bilateral que, nas palavras do presidente norte-americano, “nunca foi tão forte”. “Foi uma decisão que demorou muito a ser realizada”, disse Trump. A declaração significa uma mudança drástica na política exterior dos EUA e contraria uma resolução da ONU, que rejeita os direitos de Israel sobre um território anexado pela força na guerra dos Seis Dias.
O primeiro-ministro israelense agradeceu o gesto de Trump, afirmando que o Golã foi ganho “numa guerra justa de autodefesa”. Netanyahu acrescentou que seu país nunca entregará as colinas e qualificou o reconhecimento dos EUAcomo “justiça histórica”. Sobre o foguete lançado na noite de domingo, Netanyahu afirmou que Israel “não vai tolerar” ataques do Hamas. “Faremos o que for preciso para defender nosso povo e nosso Estado”, declarou.
Os mandatários foram acompanhados por Jared Kushner, genro e conselheiro de Trump, assim como pelo secretário de Estado, Mike Pompeo, o conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, e o vice-presidente, Mike Pence.
Netanyau volta hoje mesmo a Israel, um dia antes do previsto, abrindo mão do jantar que Jared Kushner havia organizado em sua homenagem. A visita a Washington e, sobretudo, o reconhecimento dos EUA sobre a soberania de Israel nas Colinas de Golã significam um grande apoio a Netanyahu, que disputa eleições em 9 de abril. Segundo as pesquisas, será complicado ele se reeleger. “Você sempre esteve presente, inclusive hoje”, disse Netanyahu a Trump. “Seu reconhecimento chega num momento em que o Golã é mais importante do que nunca para a nossa segurança.”