Se quiser apoio, ele terá de oferecer algo em troca
Toffoli recebeu Bolsonaro no Supremo declarou a intenção de manter uma relação produtiva e harmônica entre os poderes. Mas é evidente que ninguém no STF ficou contente com vazamento, na campanha eleitoral, do vídeo em que um dos filhos de Bolsonaro brincava que, para fechar o Supremo, bastariam “um soldado e um cabo”. Depois, ele se desculpou, e Bolsonaro não se cansa de reafirmar seu compromisso com as instituições democráticas.
Por isso mesmo, além de manter uma relação harmônica com Toffoli, Bolsonaro precisará de base no Congresso para aprovar qualquer tipo de projeto em seu governo. Das medidas de caráter ideológico e comportamental para agradar sua base (como a facilitação do porte de armas ou o projeto Escola Sem Partido) às reformas essenciais para o crescimento econômico (como as privatizações ou a reforma da Previdência). Sem o Congresso, nada disso anda.
O ex-presidente do Senado Renan Calheiros, que apoiou o PT na eleição, já deu declarações em tom conciliador. Mesmo enfraquecido pela derrota de Eunício, Romero Jucá ou Edison Lobão, o MDB é uma força incontornável no Senado. Bolsonaro terá de lidar com a turma de Renan.
O presidente eleito declarou querer negociar projetos com bancadas temáticas, em vez de reunir uma base fisiológica de apoio em troca de cargos e postos no governo, expediente tradicional em nosso presidenciallismo de coalizão. A votação de ontem mostra que, em Brasília, as coisas não funcionam bem como ele quer. Se quiser apoio, Bolsonaro terá de oferecer algo em troca. É esse o recado dos senadores. Qual será a reação?