Um documento obtido pela Justiça Federal revelou que Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da estatal que administra rodovias em São Paulo, mantinha o equivalente a R$ 113 milhões em contas fora do Brasil. Paulo Preto, como é conhecido, já é alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal em um inquérito de que também faz parte o senador José Serra, do PSDB.
Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, foi diretor da estatal paulista entre 2005 e 2010. O Ministério Público da Suíça informou ao Ministério Público Federal, em São Paulo, que contas no exterior ligadas a Paulo Preto atingiram um saldo conjunto equivalente a R$ 113 milhões.
Os procuradores pediram a quebra do sigilo bancário dele. Além de autorizar a suspensão do sigilo, a juíza Maria Isabel do Prado, da 5ª Vara Criminal da Justiça Federal de São Paulo, determinou o bloqueio dos eventuais saldos, que existam nas contas dele no exterior.
Os documentos suíços revelaram que o dinheiro estava em quatro contas bancárias, abertas em 2007, por uma offshore sediada no Panamá, cujo beneficiário é Paulo Preto e que, em fevereiro de 2017, o dinheiro foi transferido da Suíça para um banco nas Bahamas.
A juíza diz que há fortes indícios dos crimes de peculato e falsidade ideológica, bem como o enriquecimento injustificado.
Em dezembro de 2017, Paulo Preto foi incluído como investigado em um inquérito no Supremo Tribunal Federal que apura possíveis crimes cometidos pelo senador José Serra, do PSDB, que tem foro privilegiado. As investigações foram autorizadas depois que delatores da Odebrechtre relataram irregularidades na licitação das obras do trecho Sul do Rodoanel, em São Paulo.
A defesa do ex-diretor da Dersa quer que os inquéritos de São Paulo também sejam enviados para o Supremo, e que a cooperação com as autoridades suíças seja suspensa. A Procuradoria Geral da República se manifestou contra o pedido, que ainda não foi analisado pelo STF. O relator do caso é o ministro Gilmar Mendes.
A defesa de Paulo Vieira de Souza disse que não teve acesso nem ao documento nem ao inquérito de São Paulo e que aguarda decisão sobre o pedido de transferência da investigação para o Supremo.
O senador José Serra declarou que não tem nada a ver com o assunto e não quis comentar. O PSDB de São Paulo disse que todas as doações feitas ao partido são registradas na Justiça Eleitoral e que jamais pediu contrapartida a qualquer empresa ou vantagens de qualquer natureza.
A Dersa declarou que é grande interessada no andamento das investigações.
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