O clássico contra o Santos evidenciou um problema do São Paulo que vem se arrastando desde o início da temporada: a ausência de variações de jogadas ofensivas. O Tricolor versão 2018 aposta na velocidade dos laterais para chegar ao gol adversário. A tática tem dado certo em alguns momentos, mas torna a equipe fácil de ser marcada pelos rivais.
Não há dúvidas de que o São Paulo jogou melhor do que o Santos no Morumbi. Os mandantes tiveram 57% de posse de bola, finalizaram 20 vezes ao gol adversário, trocou 435 passes (110 a mais que o Peixe) e teve 10 escanteios – contra apenas 4 do rival. Mesmo com todas as estatísticas ao seu favor, o Tricolor saiu derrotado.
Uma das explicações plausíveis para o fracasso da equipe no San-São é a insistência das jogadas pelas laterais. O técnico Jair Ventura preparou o sistema defensivo do Peixe baseado na forma como o São Paulo joga e saiu com os três pontos do Morumbi. O veloz Marcos Guilherme ficou muito bem marcado, enquanto Nenê e Cueva tiveram dificuldades para criarem do lado esquerdo.Com os lados do campo entupidos, a solução seria criar pelo meio. O problema, contudo, é a dificuldade do São Paulo de chegar ao gol adversário por esse setor. O time quase sempre domina o meio, mas não tenta as penetrações dos volantes e dos meias. Com isso, Diego Souza quase não aparece na partida e precisa sair da área para buscar a bola.
Nos treinamentos do Tricolor no CT da Barra Funda é comum ver o técnico Dorival Júnior pedir que o time concentre os ataques pelos lados. A ideia é de que os atacantes, meias e laterais triangulem e um deles chegue à linha de fundo para colocar a bola dentro da área, sempre rasteira e com força.
Desta forma, inclusive, saíram os gols do Tricolor contra Madureira, Corinthians, Mirassol, Bragantino e Bragantino. Definitivamente, a jogada é o carro-chefe do São Paulo para a temporada 2018.
O início de ano do Tricolor não é ruim. São cinco vitórias, um empate e três derrotas em nove jogos. O time, aos poucos, demonstra um sistema de jogo e tem uma defesa sólida, apesar das constantes mudanças dos zagueiros, ora por determinação médica, ora por lesão. Para ser mais competitivo e surpreender os adversários, a equipe do Morumbi precisa ter um leque mais amplo de jogadas ofensivas. É o Calcanhar de Aquiles da equipe.
Foto: LANCE!