O estádio Governador Magalhães Pinto, mais conhecido como Mineirão, vai receber nada menos que seis jogos da Copa do Mundo no Brasil. Localizado na região da Pampulha de Belo Horizonte, ele tem uma verdadeira usina solar em sua cobertura. As 6 mil placas de silício captam a energia do sol e a transformam em energia elétrica para abastecer cerca de 1,2 mil residências de médio porte ao seu redor.
De acordo com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), apenas o Mineirão e o Estádio do Pituaçu, na Bahia, possuem esse sistema, apesar de o estádio de Salvador ter o mecanismo em menores proporções. Além disso, a Arena Pernambuco, que também receberá jogos da Copa, possui o sistema, porém, ele está localizado a 500 metros do estádio.
A energia elétrica é injetada na rede por meio da subestação de alimentação do Mineirão, situada dentro do estádio. Toda essa energia produzida é introduzida na rede, sendo que 10% retornar ao estádio mineiro e 90% é distribuída para seu entorno. Apesar de o investimento ainda ser grande, cerca de R$ 12 milhões, o superintendente da Cemig Alexandre Bueno acredita que a evolução do sistema está a todo vapor.
“É um pequeno passo para o homem e um grande salto para humanidade. Se comparar essa usina com a produção de energia no Brasil, são 10 mil vezes menor que Itaipu, por exemplo. Por esse lado não é um grande supridor de energia, mas olhando por outro lado é a primeira grande instalação conectada em caráter comercial. Esse ponto é muito importante. Foi necessário revisar a regulação brasileira e criar mecanismos para introduzir energia solar”, disse Bueno.
A chamada Usina Solar Fotovoltaica (USF) Mineirão tem uma potência instalada de 1,42 MWp. Já a implantação da USF Mineirinho, que terá uma potência de 1,1 MWp, está em processo de elaboração de edital.
O representante da Cemig explica os avanços conquistados nessa tecnologia desde a década de 70. Segundo ele, esses avanços também “baratearam” o sistema, hoje utilizado por muitas residências em todo País.
BH se tornou a capital nacional de aquecimento solar. Nas escolas e universidades já temos professores capacitados para difundir essa ideia. Isso tudo levou à cultura de energia solar. O custo veio caindo e isso veio se difundindo. Há poucos anos essa tecnologia que não estava viabilizada no Brasil por questões de custos começou a se aproximar de custos mais razoáveis e viáveis. Então a Cemig decidiu fazer o grande projeto”, afirmou.
De acordo com Alexandre, no período da noite, quando não há sol, o fornecimento de energia às residência é feito por usinas hidrelétricas simples. “Temos que tratar energia como um balanço. Eu injeto de dia, por causa do sol, e alguma usina hidrelétrica em algum lugar do Brasil deixou de produzir essa energia, e à noite, sem sol, essa usina que deixou de produzir supre a demanda daquela residência. O importante é que no balanço energético colocou-se a disposição essa energia”.
Em relação a outras obras com possibilidade de receber o mesmo sistema, o representante da Cemig afirma que vários estudos estão sendo feitos para viabilizar isso, mas que o Aeroporto de Confins receberá o mecanismo com as placas solares.
“Já existe um estudo técnico, uma solarimetria, que são medições dos níveis de radiação. Minas Gerais tem um atlas solarimétrico mostrando os índices de radiação. Você vai saber que a região próxima a Brasília é mais ensolarada que Juiz de Fora, por exemplo. O Aeroporto de Cumbica, em São Paulo, fica, por exemplo, 70 dias por ano com nevoeiro. Isso não é viável. Tem que ter um estudo e para o Aeroporto de Confins o estudo já existe e está aprovado”, disse.