A Mercedes conquistar neste domingo, no GP dos Estados Unidos, o título de construtores era algo já esperado. A equipe alemã liderou a maior parte do campeonato. O que poucos no paddock entendem é como a Ferrari deu adeus, na prática, à conquista do mundial de pilotos, tendo Sebastian Vettel como líder da etapa de abertura do calendário, dia 26 de março, na Austrália, até a 12ª, dia 27 de agosto, na Bélgica.
A expressão de Vettel na coletiva depois do pódio no Circuito das Américas revelava, com precisão, seu estado de ânimo. Olhar fixo em um ponto distante, fala mansa, torcendo para a entrevista dos três primeiros colocados terminar logo. Ele recebeu a bandeirada em segundo, 10 segundos e 143 milésimos depois de Lewis Hamilton, o grande vencedor da 17ª etapa do mundial. Kimi Raikkonen, o companheiro de Vettel, ficou em terceiro.
“O mais difícil para Sebastian deve estar sendo compreender como as coisas mudaram de rumo tão rápido. Até chegar em Monza (dia 3 de setembro) manteve-se em primeiro na classificação. E hoje aqui em Austin se conscientizou de vez que o sonho de ser campeão com a Ferrari acabou”, disse ao GloboEsporte.com Jacques Villeneuve, campeão do mundo de 1997.
Em 1996 o piloto canadense, aos 25 anos, viveu sensação semelhante, na prova final do ano, em Suzuka. Era a sua temporada de estreia na F1, depois de ser campeão da F Indy e vencer as 500 Milhas de Indianápolis. “Sebastian e a Ferrari disputaram um grande campeonato, mas tanto Sebastian como o time erraram nessa fase final. E em uma temporada superdisputada como a deste ano vence quem errar menos.”
No GP do Japão de 1996 Villeneuve foi quase meio segundo (461 milésimos) mais rápido que o companheiro de Williams, Damon Hill, na classificação, largou na pole, mas na 37ª volta de um total de 52 a roda traseira do carro se soltou. Hill venceu e foi campeão.
Quando Vettel se apresentou para a corrida na casa da Ferrari, na Itália, 13ª do ano, ocupava o primeiro lugar na classificação, com 220 pontos diante de 213 de Hamilton. E em seguida a sua vitória na Hungria, dia 30 de julho, tinha 14 pontos de vantagem para o inglês da Mercedes, 202 a 188.
Ao deixar Monza não era mais o líder do mundial. A Mercedes fez uma dobradinha, com Hamilton em primeiro e Valtteri Bottas, segundo. Vettel foi terceiro. Resultado: 238 pontos para Hamilton e 235 para o alemão.
Não era o fim do mundo, na avaliação do próprio piloto. “Aqui foi uma exceção, já sabíamos que seria difícil. O terceiro lugar era o máximo possível. Mas não teremos mais traçados como este no campeonato. Quase vencemos em Spa (Bélgica), há uma semana, e fizemos 1º e 2º em Budapeste e em Mônaco, pistas completamente diferentes. Estou tranquilo, temos carro para lutar pela vitória em todos os GPs daqui para a frente”, afirmou Vettel.
Na prova seguinte, em Cingapura, o SF70H italiano era, como previa seu piloto, o mais rápido na pista. Vettel estabeleceu a pole position enquanto Hamilton ficou em quinto no grid, 635 milésimos mais lento.