O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizou na terça-feira (23) que poderia conceder um indulto Joe Arpaio, o polêmico ex-xerife do condado de Maricopa, no Arizona. A chegada de Trump a Phoenix, que é um reduto democrata no Arizona, foi marcada por um protesto que acabou em confusão.
“Acredito que ele ficará bem, ok? Não vou fazer esta noite porque não quero provocar nenhuma controvérsia”, disse.
Arpaio foi condenado por violar uma sentença federal ao perseguir de maneira implacável os imigrantes latinos. O objetivo de Trump é conseguir apoio para construção do muro na fronteira com México. O Arizona, porém, é majoritariamente republicano e Trump venceu a eleição no estado.
O ex-xerife de 85 anos é fervoroso defensor de Trump. Ele é considerado um herói por aqueles que desejam acabar com a chegada de imigrantes sem documentos, mas ativistas dos direitos humanos questionam o perdão que o presidente afirmou há alguns dias que avaliava.
“Indultar o xerife Arpaio seria apoiar oficialmente o racismo e a supremacia branca”, disse Carlos García, da organização Ponte Arizona.
Muro, segurança
A expectativa era que com o discurso Trump conseguisse um novo apoio ao governo e para seu polêmico projeto de construir um muro na fronteira de 3.100 km com o México para impedir a chegada de imigrantes sem documentos ao país.
Trump insiste que os mexicanos devem pagar pela obra, que tem custo estimado em 21 bilhões de dólares, o que para muitos praticamente inviabiliza o projeto.
Antes do evento em Phoenix, Trump visitou Yuma, perto do México, para conhecer os equipamentos usados pela polícia de fronteira.
Yuma “era uma das áreas de fronteira menos seguras nos Estados Unidos e agora é uma das mais seguras, graças aos investimentos”, afirmou uma fonte do governo antes da viagem de Trump.
Uma lei aprovada em 2006 permitiu a construção de uma cerca divisória de 100 quilômetros nesta área desértica, o que reduziu consideravelmente as tentativas de entrada de ilegais. Mas os críticos apontam que o fluxo de imigração clandestina apenas mudou para outros pontos
De acordo com dados oficiais, nos últimos seis meses as autoridades americanas detiveram mais 126.000 pessoas que tentavam entrar de modo ilegal nos Estados Unidos, o que representa uma queda de 46% na comparação com o mesmo período de 2016.
Após os decretos para deter em território americano aqueles que violaram seu estatuto migratório, entre janeiro e julho foram detidas 91.000 pessoas, 44% a mais que no mesmo período do ano passado.
Do lado de fora do centro de convenções em que Trump discursos, simpatizantes e opositores do presidente americano expressaram apoio e críticas ao republicano.
Charlottesville
Trump também defendeu com veemência na terça-feira sua reação após os distúrbios em Charlottesville, em um discurso para milhares de seguidores em Phoenix, onde voltou a atacar a imprensa e as elites.
Em um ambiente de apoio, o presidente aproveitou a ocasião para dedicar mais da metade do discurso de 78 minutos a críticas, às “pessoas doentes” nos meios de comunicação e nas elites, ao mesmo tempo que defendeu suas declarações sobre Charlottesville.
“A mídia muito desonesta… e me refiro às pessoas realmente desonestas na mídia e à mídia falsa, inventam histórias. Em muitos casos eles não têm fontes”, afirmou.
“Não informam os fatos, assim como não querem informar que eu falei duramente contra o ódio, a intolerância e a violência e condenei fortemente os neonazistas, os supremacistas e a KKK”, completou, em referência aos incidentes em Charlottesville.
Trump foi muito criticado por democratas e republicanos, assim como por vários setores da sociedade, por não condenar com veemência a manifestação de supremacistas brancos há duas semanas em Charlottesville, protesto que terminou com violentos distúrbios com ativistas antirracistas e uma mulher morta
Coreia do Norte
Trump também se mostrou otimista sobre os efeitos de sua retórica agressiva com a Coreia do Norte, que segundo ele começou a dar frutos, em um momento de tensão entre Washington e Pyongyang pelo programa nuclear norte-coreano.
“Algumas pessoas disseram que era muito forte. Não é suficientemente forte”, disse.
“Mas Kim Jong-Un, eu acredito que ele está começando a nos respeitar. E respeito muito este fato”.
“E talvez, provavelmente não, algo positivo possa acontecer”, acrescentou.