A eliminação do Palmeiras no Campeonato Paulista inflamou as críticas de parte da torcida ao trabalho de Eduardo Baptista, mas a imagem que o clube tenta passar “de dentro para fora” é a de que o treinador continua prestigiado às vésperas de dois importantes jogos fora de casa pela Libertadores, contra Peñarol, quarta-feira, e Jorge Wilstermann, dia 3. A blindagem vem da diretoria e de lideranças do elenco.
Depois da vitória por 1 a 0 sobre a Ponte Preta, insuficiente para classificar o Verdão à decisão estadual, o presidente Maurício Galiotte, que não costuma conceder entrevistas após as partidas, passou pela zona mista e declarou que Eduardo Baptista “é o técnico do Palmeiras e segue até o fim do ano”, quando acaba seu contrato. Jogadores como Fernando Prass e Felipe Melo trataram perguntas sobre pressão em cima do treinador como “sem cabimento”.”Que pressão? Eu não vi isso. O que aconteceu depois do jogo? A torcida criticou o Eduardo? Há críticas em todo clube. Qual clube em que não há crítica? Barcelona e Real Madrid têm crítica. O que eu vi foi apoio. É que às vezes a crítica vende mais, né? A gente tem que entender que sempre vai ser criticado quando perder, mas pelo menos quem estava no estádio apoiou desde mim até os meninos que foram cortados”, disse Prass, lembrando que os torcedores alviverdes que foram ao Allianz Parque aplaudiram o time após o apito final.
A Mancha Alviverde, principal organizada do Palmeiras, também está ao lado de Eduardo Baptista. O técnico foi muito exaltado na carta entregue por membros da torcida aos jogadores em reunião realizada na véspera do jogo contra a Ponte Preta.
“Como a gente vai criticar um cara que tem mais de 80% de vitórias? É complicado. A gente é líder de uma competição (Libertadores), fomos os melhores da outra (Paulistão) até aqui. O Eduardo mudou o esquema tático e dominamos o jogo. Ninguém vai falar da mudança do esquema tático e da ousadia do Eduardo? Ousadia, não, ousadura”, emendou Felipe Melo.
O índice de Eduardo, na verdade, não chega a 80%. Mas é alto: são 13 vitórias, quatro empates e quatro derrotas na temporada, o que resulta em 68% de aproveitamento. No Campeonato Paulista, apesar da eliminação, o time que mais pontuou é o Verdão, com 34.
O discurso de presidente e jogadores tinha um outro ponto em comum: eles acreditam que a eliminação no Paulistão foi fruto de 20 ou 30 minutos de péssimo futebol no Moisés Lucarelli, onde a equipe foi derrotada pela Ponte Preta por 3 a 0. A atuação no jogo de volta, em que o Verdão dominou amplamente a posse de bola, é usada como exemplo de que a equipe já começou a reagir.
“O que a gente tinha para lamentar já lamentou. Mudamos totalmente nossa postura de um jogo para o outro, isso foi nítido. A gente ficou muito feliz pelo volume, as chances criadas. Isso mostra que passou, ficaram para trás os 20 primeiros minutos contra a Ponte. Já lamentamos, passou, e agora é pensar em uma história bacana daqui para frente”, disse Jean, outro líder do grupo.
As atenções agora ficarão voltadas exclusivamente para a Copa Libertadores. Com sete pontos em três rodadas, o Palmeiras lidera o Grupo C, e está em situação tranquila neste momento. Mas tropeços diante do Peñarol (URU), quarta-feira, e do Jorge Wilstermann (BOL), na semana que vem, podem mudar o panorama e deixar o técnico bastante pressionado. Os dois jogos serão fora de casa. Os bolivianos têm seis pontos, um a menos que o Verdão, enquanto os uruguaios têm três. O Atlético Tucumán (ARG) é o lanterna, com um.