Uma operação conjunta inédita da Justiça Federal, do Rio e do Paraná, prendeu nesta quinta-feira (17), em casa, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral. Ele é acusado de comandar uma organização criminosa que fraudava licitações e cobrava propina de empreiteiras.
Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro. Sirenes acordaram moradores de uma rua num dos bairros mais caros da cidade. Policiais bem armados chegaram para buscar o homem que os procuradores do Ministério Público Federal chamaram de líder de uma organização criminosa. No prédio mora o ex-governador do Rio Sérgio Cabral.
Às 6h40 chegou a confirmação: o ex-governador Sérgio Cabral está preso. De camisa azul, ele entrou numa caminhonete da Polícia Federal e foi levado para a sede da PF. Na saída, houve tumulto entre os agentes que faziam a segurança e curiosos que acompanhavam a operação.
Para os procuradores, Sérgio Cabral saqueou o estado com atos de corrupção envolvendo as empreiteiras contratadas para executar grandes obras de construção civil. As propinas chegariam a R$ 224 milhões e incluíam o pagamento de mesada ao ex-governador.
“Em relação à Andrade Gutierrez, foi afirmado que havia pagamento de mesada de 350 mil reais, pago por pelo menos um ano. Em relação à Carioca Engenharia, houve pagamento de mesada de 200 mil reais no primeiro mandato, e no segundo mandato de Sérgio Cabral essa mesada subiu para 500 mil reais por mês. A investigação comprova ou aponta um pagamento de propina pela Andrade Gutierrez de pelo menos 7,7 milhões de reais e pela Carioca Engenharia de pelo menos 32,5 milhões de reais”, afirma Lauro Coelho, coordenador da força-tarefa da Lava Jato.
A função do ex-governador era realizar os contatos políticos com as pessoas de maior hierarquia nas empreiteiras das quais solicitava propina. Segundo as investigações, pediu 5% de propina no valor das obras do Maracanã.
“Esse pagamento era feito em espécie, propina em dinheiro geralmente gerada através dos caixas 2 das empreiteiras”, diz Lauro Coelho.
Investigadores afirmaram que o esquema incluiu obras de reforma no Maracanã – para Copa do Mundo -, na construção do Arco Metropolitano, que é um anel viário, e no PAC das Favelas, obras de urbanização em comunidades do Rio.