Quando chegou à decisão de Roland Garros pela primeira vez, em 2012, Novak Djokovic já era número 1 do mundo e campeão nos outros três Grand Slams – Aberto da Austrália, US Open e Wimbledon. Ao perder para Rafael Nadal na ocasião, começou então uma epopeia na carreira do sérvio. Vencer em Paris se tornou uma obsessão e as cobranças, internas e externas, colocaram uma pressão absurda para seu ato final de ser tornar um dos maiores tenistas da história. Em 2014, novamente Nadal interrompeu seu sonho. E, em 2015, sem o espanhol, foi a vez de Stan Wawrinka triunfar. Djokovic chorou. Mas, retomou o caminho, continuou ganhando títulos em sequência até chegar a este fatídico domingo. Ao entrar em quadra, o público gritava seu nome. Um cenário perfeito para o que aconteceria ao longo de 3h03 na quadra Philippe-Chatrier. Diante de Andy Murray, começou nervoso, mas manteve os brios no lugar, foi brilhante nos momentos certos e, com 3 sets a 1, parciais de 3/6, 6/1, 6/2 e 6/4, completou a peça que faltava em sua tão vitoriosa carreira: o título de Roland Garros. Para marcar seu nome na história, decidiu repetir um dos gestos mais emblemáticos do torneio: desenhou um coração e deitou sobre ele, assim como o brasileiro Gustavo Kuerten havia feito em 2001.
Antes mesmo do início do torneio, em uma ação com uma patrocinadora de Guga e Djokovic, o sérvio havia confessado que o gesto do coração em Roland Garros era uma das lembranças mais marcantes de sua vida. E, assim, pediu permissão ao brasileiro para que pudesse repetir o desenho caso conquistasse o torneio pela primeira vez. Sem titubear, Guga autorizou Djoko a repetir o seu gesto e esteve, neste domingo, nas tribunas da Philippe-Chatrier para acompanhar o jogo. O tricampeão no saibro francês se emocionou com a homenagem, e depois brincou com o sérvio.
– O meu desenho foi um pouco melhor, eu vou dizer a ele “você ainda precisa melhorar muito” – disse Guga em entrevista à Reuters, para depois complementar – Ele está ficando ainda mais próximo de Roger (Federer). Dentro de um ano ou dois, vamos vê-lo com uma chance real de chegar ao número de slams (Federer tem 17 e Djoko 12) e ele é capaz de ficar melhor a cada ano. Assim, Novak Djokovic alcança o tão sonhado “Career Slam”, vencendo os quatro títulos de Grand Slam e se iguala a outros sete tenistas que conseguiram a proeza: Fred Perry (1935), Don Budge (1938), Rod Laver (1962), Roy Emerson (1964), Andre Agassi (1999), Roger Federer (2009) e Rafael Nadal (2010). Porém, o sérvio tem algo a mais a comemorar. É o primeiro jogador na era aberta a vencer quatro slams de forma consecutiva – Wimbledon e US Open, em 2015, e Aberto da Austrália e Roland Garros, nesta temporada. Antes dele, apenas Don Budge e Rod Laver conseguiram a proeza.