A General Motors planeja demitir, a partir da semana que vem, cerca de 1.500 funcionários da fábrica de São Caetano. Os operários integram grupo de 2.300 pessoas que está em lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho) desde outubro de 2014 e que deveria retornar às atividades na segunda-feira, dia 7. Caso a montadora confirme a decisão, o corte de mão de obra será equivalente a 16,3% do total da planta, que possui aproximadamente 9.200 empregados.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, diz ter participado de reunião na tarde de ontem com representantes da empresa, que teriam sinalizado o plano para redução de pessoal. Em vídeo enviado aos funcionários da fábrica, o sindicalista afirmou que não concorda com a decisão e que deverá se reunir novamente com a direção da GM na manhã de hoje “para encontrarmos, juntos, uma alternativa que seja menos dolorosa para os trabalhadores”.
Em entrevista ao Diário, Cidão garante que uma das opções para manter pelo menos parte dos empregos é a prorrogação do lay-off por mais cinco meses. Outra possibilidade, essa ainda mais distante pelo fato de ainda não ter sido cogitada pela montadora, é a adesão ao PPE (Programa de Proteção ao Emprego), plano criado no ano passado pelo governo federal que permite aos empregadores reduzirem em até 30% a carga horária e os salários pagos aos funcionários por período determinado durante épocas de crise.
Enquanto esse grupo de 1.500 pessoas ainda tem o futuro indefinido, outra turma, de 300 a 400 operários, começa a retornar às atividades a partir de hoje. Isso porque a empresa irá reativar o segundo turno de produção, que foi suspenso em outubro devido à queda na demanda por automóveis zero-quilômetro.
A equipe do Diário apurou que a GM está fazendo obras de adequação na fábrica de São Caetano para modernização das linhas de montagem de veículos, o que possibilitará, ainda neste ano, o início da fabricação do modelo Onix na unidade do Grande ABC. Atualmente, a planta produz os carros Cobalt, Spin, Montana e Cruze Sedã e Hatch.
Segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), o Onix foi o modelo mais vendido no Brasil em 2015, superando o Fiat Palio e o Volkswagen Gol, que, respectivamente, lideraram o ranking de 2014. Atualmente, o Onix é produzido na unidade de Gravataí, no Rio Grande do Sul. Em São Caetano, haveria fabricação adicional, destinada às empresas que possuem frotas de veículos.
Mesmo assim, o presidente mundial da GM, Dan Ammann, afirmou na semana passada em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo que, caso não haja reaquecimento da economia do País em curto período de tempo, a empresa poderá rever os planos de investir R$ 6,5 bilhões na operação brasileira até 2019. Desses, R$ 3 bilhões viriam à região. A montadora foi procurada para comentar as informações, mas não se pronunciou.
CRISE – A queda na venda de veículos no País é resultado da diminuição na renda da população, provocada pelo desemprego e pela alta da inflação. Outro fator apontado como inibidor da demanda é a insegurança por parte dos compradores, que temem fazer dívidas a médio ou longo prazo. A restrição ao crédito também gera recuo na comercialização.
Em janeiro, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a produção de veículos no País caiu 29,3% em relação ao primeiro mês de 2015 e voltou ao nível de 2003.