A diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margareth Chan, e a diretora da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Carissa Etienne, virão ao Brasil esta semana para acompanhar a epidemia do vírus zika no país. Hoje no Rio, o governador Luiz Fernando Pezão lança uma força-tarefa para combate aos focos do mosquito Aedes aegypti no estado. Cerca de 800 bombeiros foram convocados para o lançamento.
De acordo com o Ministério da Saúde, a visita da diretora-geral da OMS ocorre a convite do próprio governo brasileiro. A comitiva será informada sobre as medidas que o governo está tomando para conter o crescimento da doença, que pode estar relacionada com a ocorrência de casos de microcefalia.
As diretoras da OMS e da Opas chegam a Brasília amanhã, quando serão recebidas pela presidente Dilma Roussef e a equipe do Ministério da Saúde. Na quarta-feira viajam para Recife, já que Pernambuco registra o maior número de casos de microcefalia possivelmente associada à infecção pelo zika — 182 casos da malformação confirmados e 1.203 em investigação.
Hoje a presidente Dilma vai a São Paulo para participar da assinatura do contrato entre o Ministério da Saúde e a Fundação Butatan para o desenvolvimento da vacina da dengue. No início do mês, a OMS declarou emergência em saúde pública de interesse internacional em razão do aumento de casos de infecção pelo zika em diversos países e de uma possível relação da doença com quadros de malformação congênita e síndromes neurológicas.
O Ministério da Saúde investiga pelo menos 3.935 casos suspeitos de microcefalia possivelmente associada ao vírus. Até o dia 13 de fevereiro, 508 casos foram confirmados e 837 descartados de um total de 5.280 notificações de estados e municípios ao governo federal. Desde a última quinta-feira, a notificação de casos suspeitos de infecção pelo zika é obrigatória no Brasil. A portaria prevê que todos os casos suspeitos deverão ser comunicados semanalmente às autoridades sanitárias.
Butantan está testando vacina
O Instituto Butantan, de São Paulo, que assina hoje contrato com o Ministério da Saúde para desenvolvimento de vacina contra a dengue, já iniciou a fase 3 de testes clínicos em voluntários. A instituição pretende testar a vacina em cerca de 17 mil pessoas em 13 cidades de 12 estados brasileiros para participarem da pesquisa. Os testes serão feitos em 14 centros de estudo credenciados pelo Instituto Butantan.
Essa será a última fase de estudos antes que a vacina possa ser submetida à avaliação da Anvisa para registro, mas esse período pode levar até um ano e meio. Dois terços dos voluntários recebem a vacina e um terço recebe placebo, que é a medicação sem efeito medicinal. O objetivo é verificar se o grupo vacinado teve uma redução considerável de casos de dengue em comparação ao grupo que recebeu o placebo.
O desenvolvimento da vacina é resultado de uma parceria entre o Instituto Butantan e os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH), o Instituto Adolfo Lutz, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) — Instituto Central e Instituto da Criança. O projeto tem financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
A vacina é feita com os próprios vírus da dengue, que foram modificados para que a pessoa desenvolva anticorpos contra os quatro sorotipos da dengue sem desenvolver os sintomas relacionados a eles.
Segundo o Instituto Butantan, os testes têm mostrado que bastará uma dose para que a vacina seja eficaz. Trata-se da vacina brasileira contra dengue em fase mais avançada de desenvolvimento, mas há outras iniciativas em andamento no mundo.