O gelo também atingiu sua área máxima anual em 25 de fevereiro, duas semanas mais cedo do que o habitual, formando “a extensão a mais baixa desde que os registros começaram em 1979”
A temperatura do ar no Ártico atingiu um recorde este ano, enquanto que o derretimento das calotas polares tem destruído o habitat das morsas e obrigado alguns peixes a migrar mais para o norte, de acordo com um relatório divulgado nesta terça-feira.
A temperatura do ar Ártico foi de 1,3 graus Celsius acima do nível médio e atingiu o seu “mais alto nível desde que os registros começaram em 1900”, informa o Arctic Report Card 2015, publicado pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA).
O gelo também atingiu sua área máxima anual em 25 de fevereiro, duas semanas mais cedo do que o habitual, formando “a extensão a mais baixa desde que os registros começaram em 1979”.
“O Ártico está se aquecendo duas vezes mais rápido que outras partes do mundo, e isso tem consequências para a segurança global, clima, comércio e trocas”, explicou o cientista-chefe da NOAA, Rick Spinrad, em comunicado.
A temperatura média do ar em um ano, a partir de inquéritos tomadas entre outubro de 2014 e setembro de 2015, teve um aumento de 3°C desde o início do século 20.
Cerca de 70 autores de 10 países participaram neste trabalho, liderados por pesquisadores da Marinha dos Estados Unidos (Office of Naval Research), do laboratório de regiões frias do Exército dos Estados Unidos (US Army Corps of Engineers’ Cold Regions Research and Engineering Laboratory) e a NOAA.
A extensão mínima de gelo, medida no fim do verão, em 11 de setembro, é a quarta mais baixa registada desde 1979.
A neve também caiu no Ártico, onde cai 18% a cada década desde 1979.
– Fotossíntese –
Este ano a Groenlândia teve um derretimento excepcional depois de um anterior, em 2012, o que fez o país perder mais de metade da sua superfície.
No entanto, “o avanço de nove geleiras relativamente grandes faz com que a perda líquida anual de gelo seja baixa, de 16,5 quilômetros quadrados”.
Este derretimento tem permitido que mais luz solar penetre a superfície do oceano, gerando fotossíntese e proliferação das algas.
“Um crescimento notável e extenso de fitoplâncton foi observado em 2015 no Oceano Ártico ao longo da plataforma continental, incluindo as águas ao sudoeste e leste da Gronelândia, no mar de Bering entre o Alasca e a Rússia e no Mar de Barents, de Kara e dos Laptev, ao norte da Rússia”, disse o relatório.
Este aquecimento afeta muito a vida das morsas e dos peixes na área.
“A diminuição do gelo marinho muda radicalmente o habitat das morsas, grandes mamíferos marinhos que normalmente usam o gelo para acasalar, parir, encontrar comida e proteção contra predadores ou tempestades”, apontou o relatório.
“Nos últimos anos, muitas morsas foram obrigadas a rastejarem até encontrarem terra firme no noroeste do Alasca. Esse comportamento, observado por via aérea, criou a superlotação que gerou tumultos, matando focas bebês, e tornou a busca por alimentos ainda mais difícil”.
Os peixes também são afetados pelo aquecimento global. Os cientistas identificaram “um movimento em direção ao norte de espécies de peixes sub-árticos (sul da região do Ártico), como o bacalhau, o cantarilho ou a solha”.
Sua migração traz desafios em termos de sobrevivência para os pequenos peixes do Ártico que agora estão enfrentando novos predadores.