Parlamentares, dois ministros, dois ex-ministros e um prefeito – sendo a maioria do PMDB, um do PSB e um do Solidariedade – são alvos de ação da Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (15) dentro das investigações da Operação Lava Jato.
Os policiais fazem buscas e apreensões nas casas, escritórios e sedes de empresas dos investigados. Além de políticos, são cumpridos mandados contra outras pessoas ligadas ao PMDB e ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Veja a seguir quem são os alvos da operação e as suspeitas já divulgadas sobre alguns deles. Detalhes dos indícios que sustentam a ação desta terça ainda não foram informados.
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados
Cunha já foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao STF por corrupção e lavagem de dinheiro, devido à suspeita de ter recebido pelo menos US$ 5 milhões por contratos de aluguel de navios-sonda pela Petrobras. O STF ainda não decidiu se aceita ou não a denúncia.
Cunha também é alvo de inquérito que apura suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro em razão de quatro contas na Suíça atribuídas ao parlamentar. A existência das contas é apontada em documentação enviada à PGR pelo Ministério Público suíço.
O deputado sempre negou participação no esquema de corrupção investigado pela Lava Jato. Sobre as contas no exterior, ele afirma não ser o titular, e sim “usufrutuário” delas.
Em entrevista coletiva nesta terça, Cunha afirmou que a Lava Jato poupa políticos do PT e mira no PMDB e voltou a dizer que não renuncia ao cargo.
Edison Lobão (PMDB-MA), senador e ex-ministro de Minas e Energia
O dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa, disse que pagou R$ 1 milhão a Lobão, quando era ministro de Minas e Energia, e detalhou as negociações. Pessoa deu as informações dentro do acordo de delação premiada da Lava Jato.
O empreiteiro disse que procurou Lobão para pedir que houvesse ingerência política em favor do consórcio responsável pelas obras da usina nuclear Angra 3, do qual faz parte a UTC.
Na época das denúncias, a defesa de Lobão informou que Ricardo Pessoa não apresentou provas e que os depoimentos não possuem qualquer respaldo jurídico. Nesta terça, o advogado de Lobão, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse ter “tranquilidade” com a operação na casa de seu cliente.
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ex-presidente da Câmara e ministro do Turismo
O ministro teve o nome citado em acordo de delação premiada da Operação Lava Jato, mas o Ministério Público Federal entendeu que não havia indícios suficientes para a abertura de inquérito para investigá-lo. Na época em que seu nome veio à tona, ele negou envolvimento.
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que Alves teria ido duas vezes à sede da Petrobras para pedir a viabilização da construção de uma unidade de calcificação de petróleo em São Bernardo do Campo (SP).
O delator também disse que Alves participou de reunião na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para tratar da permanência do ex-diretor na estatal.
“Apesar de surpreso, respeito a decisão do Supremo Tribunal Federal. Estou, como sempre, à disposição para prestar qualquer esclarecimento que se fizer necessário”, disse o ministro.
Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), senador e ex-ministro da Integração Nacional
É alvo de dois inquéritos no STF, um deles é relacionado à Lava Jato.
O delator Paulo Roberto Costa disse que, em 2010, Bezerra Coelho pediu R$ 20 milhões para a campanha de Eduardo Campos (PSB), morto em 2014, à reeleição ao governo de Pernambuco. Na época, Bezerra Coelho era secretário de Desenvolvimento do Estado.
O pedido teria sido feito ao doleiro Alberto Youssef, responsável por lavar dinheiro dos desvios da Petrobras. Os recursos viriam de consórcio entre empreiteiras chamado Ipojuca Interligações, formado por Iesa e Queiroz Galvão para as obras da Refinaria Abreu e Lima. O parlamentar negou todas as afirmações.
Outro inquérito trata da suspeita de envolvimento do senador em esquema de fraude a licitação, lavagem de dinheiro, tráfico de influência e corrupção de autoridades federais. O caso corre em segredo de Justiça no STF. Na época, a assessoria do senador informou que o parlamentar estava “à disposição para prestar todas as informações” às autoridades.
Policiais fizeram buscas no escritório de Bezerra Coelho, em Petrolina. A assessoria do senador divulgou nota na qual diz reiterar a “confiança no trabalho das autoridades” e afirma que Bezerra Coelho continua à disposição para “colaborar com os ritos processuais e fornecer todas as informações que lhe forem demandadas”.
Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa
Assumiu a vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias da Caixa, após indicação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Na semana passada, Cleto foi exonerado pela presidente Dilma Rousseff.
Segundo informações da GloboNews, a exoneração foi um “troco” do Palácio do Planalto em Cunha, por ele ter autorizado a abertura do processo de impeachment contra Dilma.
Ainda não foi explicada a relação de Cleto com a Operação Lava Jato ou outras irregularidades.