Mãe de Rafael Ilha diz filho já fez roleta-russa com ela

Sylvia Vieira, mãe de Rafael Ilha, relembrou momentos difíceis que viveu com o filho dependente químico nesta quarta-feira, 2. Em entrevista ao site Ego, no lançamento da biografia do ex-Polegar, “As Pedras do Meu Caminho”, escrita por Sônia Abrão, ela falou da luta pela recuperação do filho e overdoses.

Um dos momentos mais tensos para Sylvia foi quando ela achou drogas em casa e jogou no vaso sanitário. Rafael, que na época tinha 17 anos, ficou furioso.

“Chegou a um ponto em que o médico falou que ele tinha 15% de chance de viver. Eu perguntei o que eu podia fazer e ele disse que era dizer não, deixar ele sofrer as consequências dos atos, que se Rafael quisesse se drogar, era para deixar ele se drogar lá na favela e não dentro de casa. Então, eram os maiores quebra-paus, toda vez que eu encontrava droga, jogava na privada e ele vinha para cima de mim, às vezes me batia. Até roleta-russa eu tive na minha cabeça. Ele também já botou faca no meu pescoço. A única coisa que eu falava era ‘Pode matar, você vai fazer um favor para mim. Mas quem vai cuidar de você?’. Aí ele tirava a faca”, recordou Sylvia.

Sylvia também contou que em uma das overdoses, Rafael teve uma parada cardíaca e ela precisou “ressuscitá-lo”.

“Fiz massagem cardíaca, respiração boca a boca e ele voltou. Às vezes, eu ficava mais de 15 dias sem dormir, porque ele se drogava à noite e tinha convulsão”, contou.

Sylvia revelou que Rafael era rebelde, difícil e que chegou a ser recusado por cerca de 30 clínicas. “Ninguém o aceitava”, disse.

Atualmente, Sylvia está feliz com forma de vida do filho, mas deixou claro que tem consciência que a dependência química é uma doença. “Vou ser sincera. Acreditar na recuperação a gente sempre quer, só que ele tem uma doença. Rafel pode recair a qualquer momento. Ele pode estar limpo há 15, 20 anos, mas se usar uma vez só, tudo vai voltar. Vai depender de ele dizer não. ‘Ah, ele se salvou, é outra pessoa’… Tudo bem, eu quero acreditar nisso, do fundo do meu coração. Sou muito realista, eu era só coração e aprendi a ser razão com o Rafael”, explicou.