Santos e Palmeiras não decidiam uma final de Campeonato Paulista há quase cinco décadas. Em jogo pegado e cheio de cartões, as duas equipes- até então desacreditadas – fizeram um jogo tenso no primeiro tempo e mostraram que têm boas pretensões para o restante da temporada.
O time da Vila Belmiro superou as baixas no elenco, os problemas financeiros e perdas repentinas de treinadores e voltou a agradar com o velho futebol ofensivo. O Palmeiras também surpreendeu. O time passou por cima de centenário ruim e se reformulou; as mais de 20 contratações surtiram efeito e o time voltou à final do estadual depois de sete anos.
O jogo da tarde deste domingo (03) não foi o jogo dos desacreditados. Foi o jogo dos times que usaram do peso da camisa e eliminaram os rivais favoritos, mostrando um bom futebol que não acontecia há algum tempo.
A partida teve elementos comuns aos de uma final, com os dois times nervosos e superioridade do mandante. Com bom futebol jogado no segundo tempo, a decisão diantes de mais de 16 mil torcedores seria nas penalidades. As cobranças acabaram corando não o time que jogou mais, mas o que menos errou nos pequenos detalhes.
David Braz e Ricardo Oliveira deixam Peixe na frente
O jogo começou bem agitado na Vila Belmiro. O Palmeiras, que havia ganhado o primeiro jogo por 1 a 0, não fez valer a vantagem e se perdeu no próprio nervosismo. O time alvinegro se aproveitou da afobação do adversário e teve as melhores chances em jogadas pelas laterias do campo, principalmente com Geuvânio. O atacante santista teve suas chegadas à area facilitadas graças à marcação falha do palmeirense Zé Roberto.
A superioridade do Santos não foi só técnica: com presença importante da experiência de Robinho, o primeiro tempo da partida rendeu quatro cartões amarelos e outras duas expulsões. Receberam os cartões vermelhos Dudu e Geuvânio. Os dois jogadores se desentenderam na entrada da área, em uma cobrança de falta do Palmeiras, no final do primeiro tempo. A reações após os cartões retratou bem a postura dos dois times ao longo da primeira etapa; Geuvânio saiu calado, tranquilo. Dudu saiu descontrolado.
Diferentemente do que foi visto nos primeiros 45 minutos do primeiro jogo, a superioridade não foi só do time mandante. Porém, oposto ao que foi visto no Allianz Parque, as chances criadas se transformaram em gols.
As chances santistas começaram nos cantos do gramado, onde o time tem seu melhor poder de ataque. Robinho teve bom passe do lado direito, sempre buscando lançar a bola para o artilheiro Ricardo Oliveira.
Aos 29 minutos, num erro da zaga do Palmeiras, o gol do Santos saiu. Os jogadores palmeirenses pararam na jogada, achando que a linha de ataque santista se encontrava em impedimento. Em meio ao apagão da zaga verde, Robinho só tocou para o zagueiro David Braz abrir o placar. A partida continou tensa e os jogadores pouco criavam. As jogadas se formavam a partir de chutões vindos da zaga, sem muita beleza.
Aos 43 minutos, após alguns toques mascados, a bola sobrou para Ricardo Oliveira. O zagueiro Vitor Hugo errou o desarme, deixando o atacante veterano sozinho com o goleiro Fernando Prass. Era o segundo gol do Santos. Com a vantagem e as expulsões, o time da Vila Belmiro já havia superado a vantagem feita pelo Palmeiras no jogo de ida, e os ânimos esfriariam para o segundo tempo.
Em segundo tenso, Palmeiras marca, mas disputa vai para os pênaltis
Com um jogador a menos em cada uma das equipes, a partida teve um nível técnico não só melhor, como, também, mais equilibrado. O placar de 2 a 0 já era o necessário para o Santos se sagrar campeão e o time, assim, recuou.
O Palmeiras aproveitou os espaços desde o início da segunda etapa e trabalhou a bola, coisa que não havia feito na primeira parte do jogo. E foi usando da posse de bola que o Palmeiras dimininui o placar. Em boa assistência de Valdívia, o lateral direito Lucas só precisou tocar para o gol, contando com ajuda do goleiro Vladimir. O resultado era o suficiente para levar a partida para os pênaltis.
Com maior equilíbrio entre as duas equipes, as chances de evitar os pênaltis apareceram para as duas equipes.Primeiro, o palmeirense Amaral tocou a bola pro gol em um rebote do goleiro do Santos, que não segurou a boa cobrança de Cleiton Xavier. O lance, que poderia dar o título aos comandados de Oswaldo de Oliveira, foi bem anulado.
Já no final do segundo tempo, Ricardo Oliveira recebeu boa bola na área, mas o goleiro Fernando Prass se adiantou e fez boa defesa. A partida havia perdido a tensão dos primeiros 45 minutos e terminou com placar agregado de 2 a 2. A imposição do Santos e a retomada do Palmeiras – depois do intervalo – fizeram um placar justo. A decisão, então, ficou pras cobranças de pênaltis.
Nas penalidades, Santos é competente e garante título
O bom retrospecto palmeirense em penalides – que culminou na eliminação do rival Corinthians em Itaquera – tinha tudo para ser um fator chave para a equipe sair vencedora mais uma vez longe da nova arena. Mas o fato não ajudou o time na tarde do dia 3 de maio.
O Palmeiras escalou Cleiton Xavier, Rafael Marques, Jackson, Leandro Pereira e Zé Roberto para as cobranças. Dos santistas bateram David Braz, Gustavo Henrique, Victor Ferraz e Lucas Lima.
Cleiton Xavier e David Braz acertaram suas cobranças. Na segunda cobrança, o chute de Rafael Marques parou em Vladimir, dando vantagem para o time da casa. A segunda e a terceira cobrança foram desperdiçadas pelo Palmeiras, nos chutes de Rafael Marques e Jackson.
Os alvinegros Gustavo Henrique e Victor Ferraz marcaram converteram em seguida. Na quarta cobrança, os palmeirense ainda viram Leandro Pereira marcar. Porém Lucas Lima acertou o quarto chute seguido do Santos, que aproveitou todas as cobranças; os veteranos Zé Roberto e Ricardo Oliveira não chegaram a cobrar.
Com o placar de 4 a 2 nos pênaltis, o Santos conquistou o título paulista de 2015 após perder a final do ano anterior para o surpreendente Ituano.