“Fazer as pessoas confiarem na gente é uma ciência”, diz Nicky, personagem de Will Smith em Golpe duplo, de Glenn Ficarra e John Requa, que estreia hoje no Brasil. O papel de Smith é o de um experiente mestre da trapaça que se envolve num romance com a golpista novata Jess, vivida por Margot Robbie (O lobo de Wall Street).
Enquanto ele lhe ensina os truques da profissão, ela se aproxima demais, e ele decide se afastar repentinamente. Três anos depois, a antiga paixão – agora uma talentosa femme fatale – aparece em Buenos Aires, em meio às altas apostas de um circuito de corrida de carros. Ela promove uma reviravolta no mais recente e perigoso esquema de Nicky, desconcentrando o experiente vigarista.
O brasileiro Rodrigo Santoro também está no elenco, como Rafael Garriga, dono de uma escuderia de Fórmula 1. Santoro é só elogios para o parceiro de cena Will Smith, com quem contracenou pela primeira vez. “A experiência de fazer esse filme foi fantástica do começou ao fim e muito por causa do Will. Ele traz uma energia tão positiva para o set! Todos os dias era contagiante. É um artista que eu já curtia há algum tempo. Depois de ter trabalhado com ele, fiquei mais admirado ainda. Ele é extremamente generoso, me ajudou muito em cena. Só tenho os melhores adjetivos para falar do Will.”
O astro brasileiro conta que vários foram os motivos que o cativaram a fazer o personagem. Além de Garriga ser uma figura extremamente divertida, Santoro já teve uma ótima experiência com os diretores Glenn Ficarra e John Requa em O golpista do ano. E afirma ter achado o roteiro extremamente inteligente. “Neste longa, a gente fala o tempo todo da manipulação daquilo que você está vendo. Se é verdade ou não. Em inglês, o filme se chama Focus, que é a coisa do ilusionista. O mágico chama sua atenção para a mão dele e, de repente, na outra mão sai um coelho. Então, o tema eu já achei bem interessante. Especificamente o meu personagem é um camarada muito preocupado com a sua imagem, a sua reputação. Acredito que é muito pertinente para o mundo em que a gente vive hoje. Está todo mundo preocupado com isso”, opina.
Já que Garriga é um indivíduo inserido no universo do automobilismo, o ator procurou vivenciar mais a fundo o universo da velocidade, que ele conhecia apenas superficialmente.
Com a ajuda de Katiucia Castroneves, irmã e empresária do piloto Hélio Castroneves, Santoro fez uma espécie de “laboratório” para interpretar Garriga. “Conheci os bastidores de uma prova de Fórmula Indy, fiquei nos boxes e fiquei impressionado como esse mundo movimenta milhões de dólares e tanta tecnologia. Tive até a chance de andar num carro de corrida, daqueles que tem dois lugares. Só de lembrar, meu coração acelera, porque estávamos a 360km/h. A sensação que tive foi de que eu estava pulando de paraquedas sobre quatro rodas. Foi fantástico! Que admiração e respeito tenho agora pelos pilotos”, afirma.
Para o ator, a rigor, ninguém presta em Golpe duplo. E essa é a grande sacada do filme e do roteiro. Ninguém é apenas vilão e ninguém é apenas bonzinho. “Entortar essa coisa de uma cor só, do unidimensional. Os seres humanos são compostos de uma série de coisas. E cada um de um jeito. O meu personagem seria o vilão, mas, no fim das contas, quem é o vilão? Quem estava certo? Isso que é o bacana dessa produção”, resume.