Mogi das Cruzes está entre as cidades incluídas no roteiro de viagem de Rodrigo Arbex Cisman, um redator publicitário, de 30 anos, que resolveu percorrer parte da América de bicicleta. A viagem já dura 15 dias e o ponto de partida foi a casa dos pais, em Socorro, interior de São Paulo. A estadia do ciclista em Mogi durou três dias e ele deixa a cidade nesta sexta-feira (10). A próxima parada é em Santos, no litoral paulista.A viagem faz parte do projeto Bike America, idealizado pelo ciclista em parceria com os amigos e familiares. A expectativa é de que o percurso de 45 mil quilômetros entre São Paulo e o México seja concluído em três anos.
Formado em Publicidade e com emprego fixo na área de redação publicitária, Rodrigo diz que decidiu seguir viagem sozinho, em busca de autoconhecimento e felicidade. Entre as grandes inspirações está um americano que ele conheceu em uma viagem pela América do Sul, no ano de 2012, pela Bolívia, Chile e Uruguai. O americano percorreu de bicicleta a América de uma ponta a outra, desde o Alasca, nos Estados Unidos, até Ushuaia, na Argentina.
“Aquilo ficou na minha cabeça. Foi então que eu descobri que dava para viajar de bicicleta. Voltei dessa viagem, na qual conheci o americano, com aquela ideia. Nessa época estava procurando emprego e consegui uma vaga em uma agência em Mogi das Cruzes, depois de um tempo voltei para São Paulo, mas aquilo tudo não estava mais me fazendo feliz. Foi então que decidi dividir minha vontade com os amigos e montar o projeto”, disse.
Para suportar cerca de oito horas pedalando e 80 quilômetros diários em cima da bicicleta que Rodrigo planejou a alimentação que inclui fontes de energia e proteína. “Levo água, castanhas e rapadura. Para cozinhar, levo um fogareiro, onde preparo arroz e lentilha. Comer em padarias e restaurantes também faz parte do roteiro”.
A maior parte da viagem deve acontecer sob calor intenso. Para se prevenir do sol, Rodrigo usa chapéu e além do tênis leva uma sandália na bagagem. “O tênis é confortável, mas já recebi a dica de pedalar de sandália para evitar bolhas nos pés”.
A preparação para a expedição não incluiu treinamentos físicos. Rodrigo conta que fez muitos contatos e uma das dicas que recebeu foi a de percorrer apenas o percurso que o corpo suportasse. “Conheci uma pessoa que já tinha feito uma viagem de bicicleta. Essa pessoa disse para eu pedalar apenas o que fosse possível. Na época eu percorria cerca de 20 quilômetros por dia, então decidi aceitar o conselho e incluir no meu planejamento uma estimativa de tempo no pedal”.
Todo o dinheiro arrecadado para ajudar nas despesas da viagem foi angariado através da venda de camisetas do projeto. “Alguns amigos deram a ideia de arrecadar o dinheiro por meio do crowdfunding (aqueles financiamentos coletivos que existem na internet) mas acabei descartando a iniciativa. Foi quando surgiu a ideia de montar uma camiseta e vender. Minha mãe trabalha com confecção e me ajudou muito”.
Parada em Mogi
A relação de Rodrigo com Mogi das Cruzes existe desde 2007, quando o publicitário veio trabalhar na cidade. Ele aproveitou a estadia na cidade para fazer curso de mergulho e foi nessa época que ele comprou a bicicleta que está usando na viagem. “É uma bicicleta comum, troquei apenas algumas peças e fiz algumas adaptações para a viagem. Gosto de pedalar e não teria melhor forma de viajar. É um ritmo despreocupado, de vez em quando eu paro, descanso, tomo um pouco de água. Por isso acredito que a viagem possa durar tanto tempo, como os três anos que estimo. Vai depender muito dos lugares que eu passar, das pessoas que eu conhecer”.A próxima parada em Santos inclui a passagem pela casa da namorada, onde vai pegar alguns equipamentos e se despedir da companheira. Em breve, ela percorrerá alguns trechos da viagem com Rodrigo. Nesta sexta-feira (10) ele deixa Mogi das Cruzes acompanhado de dois amigos que farão companhia até o litoral. De lá em diante será apenas o ciclista e a bicicleta.
A viagem de volta ainda não foi planejada, mas deve seguir os mesmo moldes: pesquisas na internet e ajuda dos amigos. “A recepção nas cidades tem sido positiva. Quando não encontro na internet pessoas que cedem as casas para hospedagem de turistas, eu procuro algum camping, um pesqueiro ou monto a barraca em um lugar indeterminado”.
O incentivo de amigos como do profissional de marketing digital Rafael Daibs, 31 anos, é um dos combustíveis que alimentam a viagem do ciclista. Eles são amigos desde 2007 e parceiros no projeto Bike America. Rafael explica o sentimento de ver um amigo viajando pelo mundo. “Faz a gente refletir um pouco. Ele estava estável na profissão e decidiu buscar o autoconhecimento. Foi um projeto bem planejado e acredito que ele vai compartilhar muito conhecimento”.