Billings é caixa-d’água de São Paulo, afirma presidente da Sabesp

O novo presidente da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), Jerson Kelman, admitiu ontem que a Represa Billings pode ser uma alternativa para a crise hídrica de São Paulo. Segundo ele, o reservatório, que tem capacidade para armazenar cerca de 600 bilhões de metros cúbicos, é uma opção para ser utilizada em caso de emergência.

“A capacidade da Billings é dez vezes superior ao que está no Cantareira. Nós estamos abrindo todas as possibilidades e abertos a novas ideias”, comentou Kelman, que assumiu o cargo na semana passada. Ele refere-se à segunda cota da reserva técnica do Cantareira, de 60 bilhões de litros.

Segundo o presidente, equipe da Sabesp já está estudando como utilizar essa quantidade de água para o abastecimento da população atendida pelo Cantareira. “Entre os desafios que eu fiz está o seguinte: ‘Tem uma caixa-d’água enorme aí que pode ser utilizada em uma emergência e como a gente faz?’ Estamos abertos a qualquer solução. Só que não adianta ser uma solução para 2018. Existe alguma coisa que possa ser feita em 2015, na hipótese de essa situação meteorológica persistir?”.

A possibilidade é que o Sistema Rio Grande mande água para o Guarapiranga ou o Rio Claro, e que esses sistemas abasteçam as áreas de influência do Cantareira. Kelman reconhece que a manobra seria trabalhosa. “O primeiro desafio é o prazo. Você cria uma estação de tratamento no local ou leva a água para onde já existe estação, por exemplo. A segunda é o transporte, como você faz para chegar lá.”

Da Represa Billings, faz parte o Sistema Rio Grande, que abastece a maior parte do Grande ABC e opera com 69,8% da capacidade, sendo o menos atingido pela estiagem. O Guarapiranga tem 40%, o Rio Claro, 26,5%, e o Alto Tietê, 11,1%. O Cantareira é o mais prejudicado, com 6,3%.

A companhia fez intervenções na região por causa da crise “Nós ampliamos a Estação de Tratamento de Água do Rio Grande, para abastecer Santo André, que recebia do Rio Claro. Portanto, levamos água da Billings para Santo André e essa água do Rio Claro está entrando na área do Cantareira, servindo a Vila Alpina e Vila Formosa (ambas na Capital)”.

Outra estratégia utilizada é a redução de pressão durante as madrugadas, procedimento feito pormeio de válvulas. A medida gera economia em torno de oito metros cúbicos por segundo. Quase toda a Região Metropolitana está incluída na medida emergencial. No Grande ABC, Diadema ainda não tem o equipamento, e ainda estão sendo feitos estudos para instalação.

Justiça suspende liminar que impedia tarifa de contingência

O presidente do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), desembargador José Renato Nalini, suspendeu ontem a liminar concedida pela 8ª Vara da Fazenda Pública que impedia a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) de cobrar tarifa de contingência para os clientes que excederem o consumo médio de água.

“Ninguém sobrevive sem água. A tarifa de contingência obteria economia aproximada a 2.500 litros por segundo, volume capaz de abastecer mais de 2 milhões de consumidores”, disse Nalini, em sua decisão. O desembargador considerou também que “está presente e perdura há meses a situação muito além de crítica na escassez dos recursos hídricos”.

A autorização para que a Sabesp aplique as sobretaxas foi expedida do dia 7 pela Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo). O aumento na conta será de 40% para quem elevar o consumo em até 20% (com base na média entre fevereiro de 2013 e janeiro de 2014). Quem exceder mais de 20% receberá adicional de 100%.